Índices de proteção: para que servem?

Índices de proteção: para que servem?

O grau de proteção dos equipamentos elétricos, conhecido como Índices de Proteção (IP), são definidos pelas normas NBR IEC 60529 e NBR IEC 60529. Essas certificações estão ligadas à construção de um invólucro contra o acesso às partes energizadas de objetos sólidos estranhos ou contra o ingresso de água. Também possuem o objetivo de proteger o contato direto de pessoas ou animais domésticos com as partes “vivas” dos equipamentos elétricos. 

Essa classificação dos graus de proteção são providas aos invólucros dos equipamentos elétricos com tensão nominal até 72,5kV. O código que define o grau de proteção IP é composto por 2 dígitos, sendo o primeiro referido às partículas sólidas, e o segundo, ao meio líquido. O código pode ser expresso, por exemplo, das seguintes formas: IP 01, IP 21 ou IP 42.

O Primeiro dígito, partículas sólidas é assim definido:

  • 0 – Não protegido
  • 1 – Proteção contra objetos sólidos com 50 mm de diâmetro ou mais
  • 2 – Proteção contra objetos sólidos com 12,5 mm de diâmetro ou mais
  • 3 – Proteção contra objetos sólidos com 2,5 mm de diâmetro ou mais
  • 4 – Proteção contra objetos sólidos com 1,0 mm de diâmetro ou mais
  • 5 – Proteção contra poeira e areia sem deposito prejudicial
  • 6 – Totalmente protegido de poeira;

O segundo dígito, de proteção à água, é definido como:

  • 0 – Não protegido
  • 1 – Protegido contra gotas que caiam na vertical
  • 2 – Protegido contra gotas que caiam na vertical com corpo inclinado a até 15°
  • 3 – Protegido contra borrifo de água
  • 4 – Protegido contra jorro de água
  • 5 – Protegido contra jatos de água
  • 6 – Protegido contra jatos potentes de água
  • 7 – Protegido contra imersão temporária em água de até 1 metro por 30 minutos
  • 8 – Protegido contra a imersão contínua em água

O código IP pode ser aplicado a painéis elétricos, linhas elétricas, circuitos, luminárias, ferramentas manuais e tantas outras aplicações.

O objetivo aqui não é discutir os critérios e conceitos das definições ou o grau de proteção, afinal, as comissões de normalização, o fazem constantemente em função da importância do tema, relacionado a segurança de pessoal e confiabilidade operacional das instalações e equipamentos.

A questão aqui apresentada considera o necessário equilíbrio que se deve aplicar nas especificações dos invólucros dos equipamentos e sistemas, que em primeira análise, de forma intuitiva, parecem associar o aumento do grau de proteção (sólidos e líquidos) à robustez da instalação e equipamentos. Assim, um painel elétrico IP54, seria mais robusto e confiável que um IP 40.

Do ponto de vista construtivo, a resposta pode ser positiva: uma estrutura IP54 pode ser mais “blindada” que uma IP 40.

Contudo, as questões de operação de equipamentos e instalações, exigem dos componentes instalados internamente aos invólucros, comportamentos térmicos com dissipação dificultada com o aumento do grau de proteção.

Assim, um painel elétrico com barramentos, disjuntores, chaves seccionadoras, TC’s, TP’s e todas as conexões, produzirão taxas de aquecimentos proporcionais ao produto das resistências pelo quadrado das correntes dos componentes e necessariamente essas perdas geradas em forma de calor devem ser dissipadas, mantendo o equilibro térmico do equipamento e componentes, respeitando os limites térmicos de cada componente.

A situação fica mais grave quando, no interior desses painéis, são instalados elementos de controle como: contatores e suas bobinas; sistemas controlados por elementos estáticos; semicondutores como os drivers / inversores de frequência dos motores com altas taxas de produção de calor; e outros componentes como retificadores ou UPS. Nesses casos, as soluções devem considerar sistemas de ventilação forçada, com filtros dificultando a operação adequada com alta taxa de intervenção em manutenção e causando falhas de operação.

Parece claro que a solução da construção de subestações, seja em alvenaria, eletrocentros, skids ou contêineres, se bem planejadas, considerando o controle térmico, pressão positiva e outros detalhes, permitem seguras e substanciais reduções nos investimentos efetuados em transformadores, painéis elétricos, linhas elétricas, iluminação, capacitores e acessórios diversos.

Essa análise, é sempre importante, antes da resposta imediata na especificação, e pode valer muito.


Sobre o autor:

Por: Eng José Starosta – Diretor da Ação Engenharia e Instalações Ltda jstarosta@acaoenge.com.br

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Fonte: www.osetoreletrico.com.br